Estava fazendo uma pesquisa e achei esse artigo, adorei a leitura e coloquei um trecho no blog...
Se antes podia ser eterno, a experiências amorosas constituem-se de “episódios
intensos, curtos e impactantes” (p. 20). Essa modalidade de relacionamento estaria
perfeitamente inserida na instabilidade da pós-modernidade, ambiente no qual não é produtivo
fixar-se e adquirir hábitos.
Um dos pontos mais importantes da argumentação de Bauman, contudo, é a sua visão
do amor líquido como consumo. A experiência amorosa seria vista como uma mercadoria a
ser consumida. Como um produto à venda, prometeria “desejo sem ansiedade, esforço sem
suor e resultado sem esforço” (p. 22).
É como um desejo a ser saciado que o amor seria visto na contemporaneidade,
conforme esse autor. Sendo assim, os relacionamentos, assim como os produtos, tornam-se
descartáveis e devem ser consumidos instantaneamente, pois, ao nos envolvermos em um
relacionamento, também fechamos as eletrodomésticos, os relacionamentos também teriam novas versões, sempre mais
aperfeiçoadas do que as anteriores e feitas sob medida para despertar um desejo muito forte de
as possuir.
Em relação à sua duração, o amor líquido não só é eterno enquanto dure, como tem
sua continuidade constantemente avaliada. É como se tratássemos de um mercado de ações.
Os relacionamentos passam a ser vistos como investimentos, que só valerão a pena enquanto
continuarem a gerar lucros relevantes.
O amor líquido é personificado, ainda, no que Bauman denomina relação de bolso,
que encarnaria a instantaneidade e a disponibilidade. O sujeito está sempre no controle desse
tipo de relação: não há entrega nem trocas. Aqui não há paixão, mas apenas conveniência.
Se o compartilhamento não é uma característica importante desse tipo de
relacionamento, é preciso manter-se do jeito que se é. Se a relação fugir aos seus propósitos,
“é hora de seguir adiante” (p. 37), o que ocorrerá com pouquíssimas feridas, para que logo se
esteja pronto para outro relacionamento.
Percebe-se, claramente, três modelos distintos. O amor romântico parece ser um
modelo em desuso, presente apenas nas regras do namoro à antiga. No entanto, serve de base
para o amor confluente. Os ideais românticos estão aqui presentes, mas remodelados sob o
prisma da igualdade entre os gêneros, dos projetos de vida comuns e da importância do
exercício da sexualidade nos relacionamentos.
Parece ser justamente nos pontos relativos aos ideais românticos e aos projetos de vida
comuns, bem como ao partilhamento da intimidade, que amor confluente e líquido diferem.
Este último é associado ao consumo. Relacionamentos são produtos e estes são descartáveis.
Não nos envolvemos com produtos, não nos apegamos a produtos. Não há intimidade, não se
compartilha nada, não há, aqui, envolvimento real e, na opinião de Bauman, portanto, não há
amor.
Para saber mais acessem: http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Paula%20Pinhal%20de%20Carlos.pdf
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